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Autoconhecimento: o relacionamento comigo mesma que o isolamento fez florescer

  • Foto do escritor: Cecilia do Nascimento
    Cecilia do Nascimento
  • 23 de jul. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 13 de set. de 2020


Hoje, 18 de junho, enquanto escrevo esse texto, estou há três meses em isolamento social. Mais especificamente dia 19 de março, parei as atividades na escola onde trabalho e depois daí, tudo foi parando junto. O mundo foi parando e não é preciso ir muito longe nas notícias para ver que motivo é o que não falta para tanto.


Em três meses, há muitos dias. Muitas horas. Muitos questionamentos, dúvidas, angústias, lapsos de positividade. Mas algo que sempre admirei nas pessoas, no ser humano, foi sua capacidade de tirar coisas boas de momentos ruins. Não em ignorar tudo de ruim que está acontecendo, mas de tentar de alguma forma seguir em frente para não enlouquecer enquanto espera e torce para que as coisas melhorem.


Então esses dias, em uma interação no meu Instagram, perguntei para as pessoas “Quando acabar essa pandemia e te perguntarem o que você fez nesse período, qual vai ser sua resposta?” Entre muitas respostas, grande parte delas falou sobre se conhecer melhor, aprender a lidar melhor consigo mesmo, ter paciência com os próprios sentimentos e desenvolver o autoconhecimento.


Me peguei pensando o motivo disso.


Por que é mais fácil olhar para nós mesmos de forma atenciosa e cuidadosa durante o isolamento?

Somos seres sociais, criados em sociedade e ensinados a socializar desde os primeiros meses de vida. O isolamento, a solidão, não é algo com o qual estamos totalmente habituados — digo isso como introvertida que sou, até eu sinto falta de ir lá fora e ver pessoas, mesmo que interagindo minimamente como costumo fazer. Porém, a solitude tem muito a ensinar e esse período tem nos mostrado isso. Ao invés de focar no isolamento e na sensação de solidão, buscando formas de quebrar esse sentimento com horas nas redes sociais, existe algo bem mais saudável em aproveitar a solitude, que é o isolamento voluntário.


A essa altura, você pondera, “Mas nosso isolamento não foi voluntário”, mas nós podemos, voluntariamente, fazer algo bom dele pelo bem da nossa própria sanidade.


Funciona mais ou menos assim: é como estar num salão cheio de gente, com todo tipo de estímulo visual, música alta e muita coisa para fazer. De repente tudo isso é tirado de cena. É óbvio que a primeira reação ao silêncio é gerar desconforto e acredito que todos nós passamos por essa fase de súbito desespero, mas depois que isso passa, o que sobra sou eu. Eu e meus pensamentos, eu e tudo o que não gosto em mim mesma, eu e eu, apenas.


Momentos como esse, não dá para fugir. Não dá para escapar de si. E o que antes era solidão, torna-se solitude porque escolhemos olhar para nós, sentado em uma mesa cara a cara consigo mesmo e dizendo “Ou a gente resolve isso agora, ou vou acabar enlouquecendo.”


É difícil no início, estar exposto aos próprios pensamentos que não dava para ouvir no meio das outras pessoas e da rotina corrida (inclusive, escrevi sobre isso aqui), mas conforme o tempo passa, descobrimos que o que precisávamos de verdade era de atenção.


Precisamos nos dar atenção. E a rotina corrida não permite.


Muitas pessoas nas redes sociais têm compartilhado suas rotinas de skincare, exercícios em casa que não faziam antes, descobrindo talentos que não sabiam que tinham, desenvolvendo hobbies que sempre quiseram ter e se tornando a pessoa que gostariam de ser surpreendentemente — e que já eram, mas não tinham a capacidade de ver isso, nem o tempo para investir em si.


Perguntei para as pessoas que me disseram que tinham avançado na jornada de autoconhecimento o que elas tinham feito para começar, o que era preciso para ter um relacionamento saudável consigo mesmo e as respostas se basearam simplesmente em: investir em si mesmo, ouvir as próprias críticas e se colocar a disposição de melhorar. É fácil? Não. Vale a pena? Com certeza, afinal se você não valer a pena — e o tempo, e o investimento — para si mesmo, para quem mais valeria?


Por fim acredito que o isolamento social nos fará amadurecer de diversas formas, até àqueles que não conseguem notar isso. Se conseguirmos sair disso dentro de um melhor relacionamento introspectivo, já podemos considerar um significativo ganho que levaremos para o resto de nossos dias.


É fato de que o período é difícil — ainda é, mesmo que algumas pessoas tenham “relaxado” as restrições — e as perdas são grandes, o mundo nunca mais será o mesmo depois que essa quarentena acabar. Mas como eu disse no início, sempre há uma razão para seguir em frente.


Quem sabe você não encontra dentro de si a sua.

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