Autoestima saudável: uma questão de reconstrução
- Cecilia do Nascimento
- 22 de jul. de 2020
- 5 min de leitura

Autoestima. Este é um assunto sobre o qual tenho muita bagagem para falar, pois desde que comecei a me descobrir como pessoa, luto e debato com a minha. Apesar disso, apenas recentemente houve uma trégua saudável para que eu me sentisse confortável para falar sobre e ela e compartilhar o que aprendi — e te incentivar a seguir pelo mesmo caminho.
Não é preciso ir muito longe na etimologia para entender o significado da palavra: auto remete a si mesmo, e estima à carinho, apreço e afeição. Logo, autoestima está relacionada ao que pensamos sobre e o nível de afeição que desenvolvemos por nós mesmos. O quanto somos capazes de encontrar valores e qualidades em nossa personalidade e aparência, nos valorizar e confiar em nossa capacidade.
E essa concepção que temos de nós reflete no que pensamos que as pessoas pensam sobre nós.
Diferentemente do que é dito, a autoestima está muito além de sentir-se ou não bonito/a, mas é relativa a todas as áreas da nossa vida, seja se pensamos ser inteligentes ou não, bons amigos ou não, pessoas agradáveis para se estar perto ou não, amáveis ou não. Ter uma autoestima baixa também reflete em todos os sentidos: vida familiar, amorosa, profissional, acadêmica, social e assim vai.
Os efeitos de negligenciar uma boa autoestima
A baixa autoestima tem uma sequência de sintomas que você pode reconhecer: pode nos impedir de construir coisas boas e alcançar sonhos, pela falta de confiança em nós. Quando você não confia em si mesmo, se impede de conquistar coisas por achar que vai falhar. Isso desencadeia comparação, pois achamos que qualquer outra pessoa é melhor, pode ir mais longe, é mais valorosa do que nós, o que contribui para uma autoestima cada vez mais baixa.
Também pode causar perfeccionismo excessivo, pois temos a tendência a sermos injustos com nós mesmos, estabelecendo padrões muito altos que achamos ser ideal e não conseguimos alcançar. Além de tudo isso, a baixa autoestima pode nos colocar em relacionamentos tóxicos, seja por aceitar muito menos do que realmente merecemos no amor — por acreditar que não mereçamos algo melhor, ou por nos tornamos tóxicos, querendo apenas ser amados para compensar nosso déficit de amor próprio e precisando constantemente de reafirmação, como um sanguessuga.
Se você se identificou com alguns dos casos acima, não se desespere ainda, pois baixa autoestima tem cura e é um longo processo de reconstrução que vale muito a pena, logo, aconselho que você tome seu tempo para investir em si um pouco — as pessoas ao seu redor, com quem você se relaciona, vão entender.
Por isso é tão importante que tenhamos tempo para investir em uma autoestima saudável. Um relacionamento saudável consigo mesmo te faz se relacionar melhor com qualquer outra pessoa. É como encher-se de amor em tal medida, que somente amor poderá transbordar. Por outro lado, quem não produz amor para si mesmo, não é capaz de dar amor, apenas absorve como uma esponja e não é capaz de dar nada de volta. Só podemos dar aquilo que temos dentro de nós. Por isso, aprenda a amar a si mesmo e aprenderá a amar melhor as pessoas.
Como construir uma autoestima saudável
Como já disse, é um processo longo de reconstrução. Apesar de hoje eu conseguir me reconhecer mais amiga da minha autoestima, sei que todos os dias existem ações a incentivar e a evitar em mim mesma para que essa reconstrução não se esvaia pelo ralo e são essas ações que quero compartilhar com vocês.
Treine seus pensamentos
Em primeiro lugar, é preciso pensar sobre seus pensamentos. Sim, você não leu errado. Pensar sobre seus pensamentos é refletir sobre eles, questioná-los. Muitas vezes estamos tão acostumados a ter pensamentos autodepreciativos, que eles vêm e a gente nem percebe, apenas deixa eles virem. Pois para construir uma boa autoestima, é preciso aprender a combatê-los. Quando esse tipo de pensamento vier — e eles virão, acontece com todo mundo e você não é a única pessoa— reflita sobre eles: o que me fez pensar assim? Por que estou me sentindo assim? E o que posso fazer para transformar esse pensamento de negativo para positivo?
Se for um pensamento de comparação, por exemplo, reconheça o que te fez pensar nisso: a publicação de uma pessoa, uma conversa? E o que te fez sentir assim: você deseja algo que essa pessoa tem, uma característica? E transforme-o em um pensamento positivo: ao invés de se comparar, use essa pessoa/situação como inspiração. Diga a si mesmo que ela prova que não é impossível alcançar isso que você quer, seja o que for, e que você também pode! Fazendo isso todas as vezes, você treina seus pensamentos a pensarem positivamente ao invés de forma tóxica.
Evite comparações
Sempre se lembre, você é única/o. Não existe ninguém como você, logo suas experiências não podem ser comparadas com a de outras pessoas. O que você construiu, as situações pelas quais passou, são únicas. As outras pessoas também tiveram lutas, situações, experiências. Cada um pisou por um terreno, talvez semelhante, mas os sapatos são sempre diferentes. Existe um ditado em inglês, to walk on my shoes, que significa que ninguém pode passar exatamente pelo que outra pessoa passou. Logo, comparações são sempre injustas. Lembre-se disso e se orgulhe de suas peculiaridades.
Cerque-se de bons relacionamentos
Relacionamentos que te impulsionam para frente, não somente com elogios, mas apoio verdadeiro, são relacionamentos que nos ajudam a construir uma boa autoestima.
Pergunte a si mesmo sobre seus relacionamentos: essa pessoa agrega mais do que toma? Se a resposta for não, repense esse relacionamento. Às vezes é necessário ser um pouco duro nessas relações, mas nunca é bom ter relacionamentos que somente te puxam para baixo. E isso serve para os dois lados.
Crie uma corrente
Lembra do que falei, que só podemos dar aquilo que temos dentro de nós? Quando começamos a investir na nossa autoestima, somos capazes de influenciar outras pessoas a construir a delas também. Por isso, experimente criar uma corrente de elogios e positividade: elogie seus amigos, apoie-os em seus planos e trabalhos, você vai ver como mesmo sem receber nada em troca, isso vai te trazer uma ótima sensação e, consequentemente, tudo o que plantamos, colhemos. Ao plantar amor e elogios, também recebemos a mesma coisa.
Para finalizar, uma boa autoestima não é forçada, não é arrogante, nem vaidosa e não tem nada a ver com mentir para si mesmo, nunca ver seus defeitos e se achar absolutamente perfeito. Pelo contrário, uma autoestima saudável reconhece suas qualidades e seus defeitos e escolhe trabalhar neles — algo que aprendi com o autoconhecimento.
Ao plantar amor em si mesmo, você planta mais amor no mundo. Pessoas que se amam, amam mais. E convenhamos, se tem algo que esse mundo precisa e muito é de amor. Então comece por dentro.
Comments